quarta-feira, 15 de julho de 2009

Teatro

Ontem manifestei a dois amadores da SIT o meu grande desejo de fazer teatro e um respondeu-me: "Apanhas o vício não queres outra coisa!", ao que retorqui "Eu tenho o vício sem nunca ter feito.".
Estamos agora na SIT a ensaiar "Dias", teatro de rua para apresentar no Bairro Novo, este Sábado, dia 18, pelas 21h45m, mas para mim não é a mesma coisa. Eu quero teatro a sério, quero trabalho, muito trabalho, quero um texto para passar horas a decorar. Não é que o teatro de rua não dê trabalho, mas eu quero o palco!
Se quisesse poderia este ano ter ingressado no Clube de Teatro do liceu, mas não- eu quero fazer teatro na capital regional do teatro amador, em Tavarede, na SIT. Quero pisar o palco de Violinda Medina e Silva, de José Ribeiro, daqueles amadores dos tempos áureos da SIT que tanto admiro e que tenho pena de não ter conhecido, d´"Aqueles que da morte se libertam honrando e dignificando Tavarede", quero pisar o palco daqueles que hoje o pisam, porque, um dia, também eles partirão e não quero perder a oportunidade de contracenar com eles, pois sei que um dia me vou arrepender.

Mas tenho perfeita noção de que o teatro não é um mar de rosas. Em 1955, Alberto Lacerda, na sua opereta Ana Maria, escreveu a letra de uma música, composta por Joel de Mascarenhas, depois recuperada pela minha grande amiga Ana Maria Caetano para a peça comemorativa dos cem anos do nascimento de José Ribeiro - Palavras de uma vida - precisamente intitulada "O Teatro", que não pode ser mais elucidativa do que há para além do que se vê.



«No teatro, o prazer reside além do pano
de cá mora a labuta.
No conforto da sala, o espectador não pensa
nem no labor insano
nem na tremenda luta
de pôr a funcionar esta fábrica imensa!
Espectador,
espectador
no silêncio do teu leito
medita que cada efeito
que te faz extasiar,
custa rios de suor,
custa lágrimas de dor,
que não podes enxugar.
Para além da fronteira - o manto de Arlequim
quem vai adivinhar,
Entre os risos, a cor, as palmas, o delírio,
que o teatro é assim:
um monstro a assassinar
na lida, na canseira, às vezes num martírio.»



Penso que esta música deveria ser cantada antes de subir o pano, ou pelo menos uma gravação dela, para elucidar o espectador que nem tudo é tão bonito como parece.

5 comentários:

Raquel disse...

Quando experimentares o palco não vais querer outra coisa! Beijinhuu** Muita Merda para Sábado :)

Celeste disse...

Pois é!
A SIT é como uma droga,quem experimenta fica viciado.
Mas é um vício bom, porque não mata,ajuda a viver, e eu só posso estar feliz por também ter ter contribuido para que a Inês ficasse. Afinal para que servem as tias,se não deixarem heranças.
Quanto à RACKAS(que nome mais esquesito para uma cara tão linda) ainda vou pansar de quem é que ela herdou este gosto. Beijinhos, Celeste

JB disse...

Queres teatro a serio??? Tem calma!! Tens tempo para tudo... E se tens de começar com teatro de rua, assim seja. Olha que é tanto teatro como outro. E se tudo correr bem, também tu vais pisar o palco da SIT e outros. Não tenhas pressa. Devagarinho se começa!
E ja agora boa sorte para amanha! La estarei para te ver!

Beijoca e uma lapada:) lol

Rogério Neves disse...

Inês
Tive a honra de participar no espectáculo que assinalou o centenário de José Ribeiro. Creio que no quadro que falas "Teatro" desempenhei a personagem de contra-regra, Contudo,recordo que o tema cantado é lindissimo. Foi cantado nessa altura com grande alegria. Mais tarde o mesmo tema foi cantado num clima de grande tristesa e pesar quando nos despedimos de uma grande mulher e amadora de nome Lurdes Lontro. Acredita que nesse momento foi arrepiante. Talvez não acredites mas até estou a ficar com pele de galinha por escrever este pequeno texto, mas pelo menos foi uma forma de falar de dois nomes que Tavarede e a SIT nunca esquecerão, José Ribeiro e Lurdes Lontro.
Bj
Rogério Neves

Mana Laranja disse...

Ó Maninha... Eu também quero!!!
Bjs