segunda-feira, 25 de abril de 2011

"Este é o tempo de mudarmos todos de atitude" *

Pela primeira vez em 35 anos, o 25 de Abril não foi comemorado com uma sessão parlamentar. Contudo, as comemorações do 37º aniversário do Dia da Liberdade não deixaram de primar pela qualidade.
Nunca, nesta data, se tinham juntado para discursar o actual e os antigos Presidentes da República eleitos democraticamente, depois de 1974. 
Hoje isto aconteceu. E aconteceu num momento muito oportuno. Aconteceu num momento em que, no nosso país, se vive uma crise não só económica, mas também social e, por isso, os quatro oradores não aproveitaram, como muitas vezes acontece nestas datas festivas, para atacar os dirigentes ou outras personalidades nacionais.
Todos os presidentes, directa ou indirectamente, apelaram à responsabilidade cívica, ou melhor, à falta dela. Incrível como as eleições que mais afluência registaram se realizaram em 1976, quando se escolhia quem se deveria reunir para elaborar a Constituição da República onde se consagraria a liberdade conquistada em Abril.
E por que é que nunca mais umas eleições registaram tão grande percentagem de votantes?
Àquela data, todos se lembravam da repressão que o país vivia deste 1933 e, talvez por isso, sentiram necessidade de mudar o estado das coisas e, assim, as pessoas dirigiram-se às urnas para votarem, pela primeira vez, em liberdade. Contudo, à medida que o tempo foi avançando, que as pessoas foram usando e abusando da liberdade, que novas gerações vieram, as conquistas de Abril foram sendo esquecidas, as pessoas foram-se esquecendo que durante cerca de 40 anos esteve instaurada em Portugal uma ditadura, regime político em que um só homem dita o rumo do país, não permitindo, de todo, a opinião seja de quem for. 
Hoje, a minha geração, aquela que detêm há pouco tempo o poder de voto ou se aproxima de o ter, não sabe o que é não ter liberdade e, a sua maioria, não sabe sequer o que foi o 25 de Abril de 1974, por que é que as Forças Armadas sentiram necessidade de se revoltar.
Para que Portugal possa ser um país melhor, é necessário que todos os cidadãos escolham os seus representantes, aqueles homens e mulheres que podem intervir por eles junto do poder. Espero que, no próximo dia 5 de Junho, a percentagem de abstenção seja muito inferior à das últimas eleições.


*Jorge Sampaio

1 comentário:

Silva Cascão disse...

Querida Inês:
Felicito-te pela decisão de avançar com o "blog" para «mais altos voos»
e desejo que o faças com muito sucesso. No entanto deixa-me fazer um pequeno reparo: o tipo (fonte) que escolheste, sendo muito interessante, não é o mais adequado a uma leitura fácil. Talvez fosse preferível outro mais "prosaico"...
Até quinta, no ensaio.
J. Cascão