Este 'post' deveria ter sido escrito mais cedo, mas estive por terras Lisboetas e não tive oportunidade, mas ainda de manhã, ao sair de Tavarede em direcção à capital, assinalei o Maio, pois deparei-me com um rancho com seus potes enfeitados.
Esta é uma tradição muito antiga na Terra do Limonete, que não passou ao lado ao Mestre José Ribeiro. Na sua fantasia "Chá de Limonete", de 1950, dedica um quadro aos "Potes Floridos":
«P’ra saudar Maio florido,
Tão propício aos namorados,
Vem o cortejo garrido
Com seus potes enfeitados!
E as alegres raparigas,
Contentes com seus amores,
Enchem o ar de cantigas
E do perfume das flores...
E o pote de barro
Tremendo no ar,
Parece bailar
Alegre e bizarro,
Parece brincar
Co’a moça travessa
Que o leva à cabeça,
Feliz, a cantar...
É amanhã o 1º. de Maio. E então as raparigas correm os quintais, vão às leiras ajardinadas, e de toda a parte trazem flores!
Deixando o seu pote enfeitado, a cachopinha foi deitar-se; mas passou a noite em claro, a pensar na alegria da manhã que vai nascer... Ainda escuro, salta da cama, veste a saia ramalhuda e a blusa de rendas, põe na cabeça o cachené lavrado, e pega no cântaro florido, que cheira que consola! Ainda vem longe o dia, mas são horas de ir chamar as mais: - Ó Rosa! Ó Maria José! Ó Joaquina! Vá depressa, raparigas! Daqui a pouco nasce o Maio, e se ele dá com vocês na cama, já sabeis o que vos faz: deixa-vos amarelas todo o ano! Olha, ali vai o Manuel c’o violão... Avia-te, rapaz, que já lá estão os outros... Eia! Aí vem a Laura, mais a Anita, e a Augusta e a Teresa...
Já a música afinou os instrumentos. Potes floridos riem e bailam nas cabeças das raparigas. O ar está cheio de cor e de perfumes. Formou-se o cortejo. Tudo pronto!... Vamos! Vamos! Siga o rancho até à fonte, a cantar e a dançar e a dar a volta à Figueira!... Lá vai! Lá vai o rancho do 1º. de Maio, lá vão os potes floridos da terra do limonete!...»
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