quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Política

Estamos em época eleitoral e em todos os jornais, revistas e mesmo na blogosfera fervilha o tema da política. Não quero ser excepção à regra, mas quero ser diferente: não vou publicar listas, emitir opinião acerca do tema, favorecer esta ou aquela lista, nem nada que se pareça. Já que o meu blog se debruça sobre Tavarede, a SIT e as actividades que nela se desenvolvem, como é o caso do teatro, hoje não vou fugir à regra e é mesmo isso que vou fazer - misturar política com teatro.
Também a política teve um lugarzinho reservado no Teatro de Tavarede. Em 1912, João dos Santos, na revista de costumes tavaredenses Na Terra do Limonete, de que é autor de texto, juntamente com Gentil da Silva Ribeiro, autor da música, deu vida à Dona Política, que, logo no início da peça cantava:

                                                                             


«Uns me chamam universal
Por em tudo me meter;
Outros m’apetecem mal
Por não lhes satisfazer.
                                                                              
Eu prometo empregos dar,
Fazer justiça de mouro,
Gente nova aposentar,
Encher a arca do tesouro.
                                                                             
Nada d’isto me acreditam, 
Chamam-me trampolineira,
E todos, todos me incitam
A continuar na asneira.
                                                                              
Mas eu vou mudar de rumo, 
Vou pensar muito melhor,
Pôr de parte o que costumo 
A responder-lhes de cor.
                                                                              
Prometo para o futuro
Fazer menos transferências,
Por minha palavra juro
Não cometer imprudências.
                                                                              
Só farei nomeações
De quem muito bem entender,
Caso é que as eleições
Estejam p’ra se fazer.
                                                                              
Despachos então à larga
Farei n’essa ocasião,
Embora leve uma carga
De todos da oposição.
                                                                              
Preciso pois de mostrar
O meu enorme valor,
Uns e outros enganar
Seja isso como fôr.
                                                                              
É esta a minha missão,
Embora me façam crítica;
Em qualquer ocasião
Hei de ser sempre a Política.»


Estamos em 2009. Será possível que passados noventa e sete anos esta caracterização ainda se mantenha actual?

1 comentário:

Vitor Medina disse...

Olá cara "Neta"
Fiquei satisfeito com a sua mensagem sobre política. Faz muito bem. Política é política e Teatro é uma Arte demasiado nobre para ser misturada.
Vejo que já começou a ler as peças sobre a nossa terra. Verá que vai encontrar coisas muitíssimo interessantes.
Um abraço do
Vitor Medina