quarta-feira, 15 de abril de 2009

Rotunda do Cavador



Tenho a certeza que este sítio é-vos bastante familiar, não?
Todos os Tavaredenses/Figueirenses passam inúmeras vezes nesta rotunda, situada à entrada de Tavarede (ao pé do Pingo Doce), e já devem ter reparado que nela, para além da estátua que homenageia os cavadores de antigamente, se encontra também uma placa. Sei que quando vão a conduzir vão mais atentos ao trânsito do que propriamente às placas das rotundas, portanto podem já ter reparado na placa, mas nunca a ter lido. Então, passo a transcrever os seus dizeres:

«Vamos todos sem cansaço
Na terra dura cavar cavar
A força do nosso braço
Traz a fartura do nosso lar»




Se já tinham parado para ler a placa ou acabando de ler aqui os seus dizeres, perguntar-se-ão: então, e quem é o autor destes versos?
Pois é, é tudo muito bonito, mas informação, nada! Os versos foram muito bem escolhidos para o local e adequam-se perfeitamente à estátua, uma vez que antigamente, naquele sítio se situavam quintas, onde trabalhavam de sol a sol os cavadores homenageados por este monumento, mas era obrigação de quem mandou fazer a placa, para além da quadra, mandar escrever, pelo menos, o seu autor.
Já que comecei com esta conversa, esclareço-vos eu as dúvidas. A quadra transcrita na placa é da autoria de João Gaspar de Lemos Amorim. Foi retirada da letra de "Ceifeiras e Cavadores", por sua vez escrita para a opereta Pátria Livre, de 1926.
Tenho quase a certeza que se tivessem escolhido versos de outro autor qualquer teriam posto na placa o seu autor, temendo ter de pagar direitos de autor, mas como a quadra até é de um autor pouco conhecido fora de Tavarede (e talvez mesmo dentro), deixem andar.
Infelizmente é assim, o trabalho dos tavaredenses ilustres não é tão reconhecido como deveria, nem pelos próprios conterrâneos (havendo excepções, é claro!).

Ora eu, se não o valorizasse, não estaria de certeza a mostrar aqui a minha indignação quanto a este facto!

E, oportunamente, deixo-vos aqui o resto da letra de "Ceifeiras e Cavadores":

«Desde manhã ao sol posto,
Arado ou foice na mão,
Seja inverno ou seja Agosto,
Ceifamos a loira espiga
Ou pomos à terra o grão.
Vamos todos sem cansaço
Na terra dura
Cavar, cavar.
A força do nosso braço
Traz a fartura
Do nosso lar.
Somos as ledas ceifeiras
Que vão as messes trigueiras
Segar, ceifar,
Sempre ligeiras,
Sempre a cantar,
A cantar.
Cavar, ceifar,
Ceifar, cavar,
Sem descansar.»

Deixo assim a minha opinião, esperando um dia ver as devidas e oportunas alterações à placa.

4 comentários:

Anónimo disse...

Inês
O seu a seu dono. A opereta PÁTRIA LIVRE é da autoria do poeta João Gaspar de Lemos Amorim e foi representada em 1926. A música é do Professor António Simões.
O nosso saudoso Mestre José Ribeiro começou a escrever, em colaboração com Gaspar de Lemos, na opereta seguinte GRÃO DUCADO DE TAVAREDE onde também incluiram aquele número.
Desculpe a intromissão e parabéns pelo seu "Cházinho".
Cumprimentos
Vitor Medina

Inês Fonseca disse...

Caro Sr. Vitor Medina,
é com muito gosto que o "Cházinho de Limonete" o recebe e quero desde já agradecer-lhe a sua visita e as felicitações que me deixou por intermédio do Zé Manel.
A informação que coloquei neste artigo, retirei dos apontamentos do Maestro Silva Cascão, daí pensar que estava correcta. Agradeço também a correcção que me fez e espero que o faça sempre que achar necessário. Vou já corrigir o artigo.
Cumprimentos,
Inês

Nádia disse...

Boa "repostagem" ines passamos por essa rotunda todos os dias em nem lhe conheciamos o significado!

Anónimo disse...

Realmente o saber de ouvir dizer às vezes não dá muito bom resultado, sem desprimor da ilustre fonte onde te baseaste.Procura sempre investigar antes de publicar. Beijoca do teu atento leitor...não tanto anónimo como isso.....


JJMM