segunda-feira, 23 de março de 2009

Homenagem

Há já algum tempo que criei o "Cházinho de Limonete" e que falo do Coral "Cantigas de Tavarede", mas nunca me tinha ocorrido falar e homenagear os escritores e compositores das cantigas que se tornaram intemporais na história da SIT e mesmo de Tavarede. No entanto, hoje, em conversa com alguém que me é querido e a quem a SIT já muito ensinou, não seja o seu lema "Instruir e Educar", surgiu-me esta ideia - por que não referir os grandes colaboradores que tanto fizeram pela SIT? É a isto que me proponho hoje: referir as origens das músicas cantadas pelo "Cantigas de Tavarede", com o intuito de homenagear os seus criadores e também de enriquecer um pouco mais a cultura de todos os que nos ouvem cantar e aqueles que lêem o meu blog. Mas nada do que digo é ao acaso e nem mesmo fruto daquilo que julgo estar correcto, mas sim o que é realmente correcto e verdadeiro, pois penso que só se deve falar daquilo que se sabe!


Vou falar das canções por ordem cronológica, no entanto quero começar pelo "Limonete", não seja ele o 'ex-libris' de Tavarede. "Limonete" foi escrito pelo Mestre José da Silva Ribeiro, a quem a SIT deve muito do que é hoje, em 1961, na fantasia Terra do Limonete; a música foi escrita pelo Sr. Anselmo Cardoso Júnior.


Passo agora para a "Canção dos Moinhos" e a "Marcha dos Camponeses", ambas escritas por João Carvalho Nunes, em 1924, na opereta Noite de São João, cuja música é da autoria de An
tónio Costa Ferreira.


No ano seguinte (1925), João Gaspar de Lemos Amorim escreve a opereta Em busca da Lúcia-Lima, onde nos apresenta a "Valsa do Limonete", cujo compositor é o Professor António Simões.



1926- Na opereta Pátria Livre, João Gaspar de Lemos Amorim, a canção "Cavadores e Ceifeiras", cuja música foi produzida por António Simões. Mais tarde, o Mestre José Ribeiro, com a colaboração de João Gaspar de Lemos Amorim, volta a levar à cena este número na opereta Grão Ducado de Tavarede
.


Saltemos agora três anos para 1929, ano em que Alberto Lacerda, na opereta A Cigarra e a Formiga, escreve a "Ida ao Banho Santo", também chamada de "Romaria" e cuja alcunha, dada pelo coral, é "A Guerra"- se nos ouvirem cantá-la, irão perceber o motivo. A música é também de António Simões. Já que falo de Alberto Lacerda, quero também referir que, em 1955, este grande artista apaixonado por Tavarede escreveu a opereta Ana Maria, de onde se retirou para o coral a letra d' "O Teatro", que não está de momento presente no repertório, uma vez que, desta peça não se conseguiu ainda encontrar a partitura, pelo que para que esta pudesse ser cantada foi necessário recorrer às amadoras mais antigas do Teatro de Tavarede, juntando também alguma criatividade do Maestro Silva Cascão.
A música foi composta pelo Professor António Simões.


Em 1936, na opereta O Sonho do Cavador, João Gaspar de Lemos Amorim escreve "As Velas do Moinho", cuja música é da autoria de António Simões.



Voltemos agora ao Mestre José da Silva Ribeiro, que, em 1950, escreve a opereta Chá de Limonete, onde é escrito pela primeira vez o "Sal de Tavarede", com música de António Simões, que volta a ser publicado em 1961 na fantasia Terr
a do Limonete, onde são também escritas as seguintes canções: "A Videira", com música de Anselmo Cardoso Júnior e "Os Corsários", cuja música é da autoria de Anselmo Cardoso Júnior.


Em 1977, na fantasia Cântico da Aldeia, José da Silva Ribeiro escreve uma nova letra para "As Uvas", mantendo a música original de António Simões.



Falar-vos-ei agora d' "As Lavadeiras". A letra que é cantada pelo "Cantigas de Tavarede" foi modificada pelo Mestre José da Silva Ribeiro na fantasia Ontem, Hoje e Amanhã, em 1979, sendo a primeira letra publicada na já referida opereta Em busca da Lúcia-lima, para a qual foi composta a música por António Simões. Passo a esclarecer: José Ribeiro alterou a letra mas manteve a música original.



Qualquer espectáculo do Coral acaba com o "Brinde aos Anfitriões", que se trata da parte final do quadro O Serão das Alfândegas, escrita pelo Mestre José Ribeiro, em 1981, para a peça Ecos da Terra do Limonete e a música foi composta mais tarde já pelo Maestro João da Silva Cascão.



Então, se são justas as homenagens ao autores das letras e das músicas, é de todo justo referir o nome dos homem que, ao longo de tantas décadas, tiveram a paciência de as saber e ensinar aos amadores e amadoras que as cantaram em palco fazendo com que elas façam hoje parte do Património Cultural de Tavarede- Refiro-me ao Sr. José Medina, cuja filha é a mais idosa coralista do "Cantigas de Tavarede", Otília Medina, e ao Sr. Joaquim de Oliveira que, com o seu violino, ajudava nos ensaios.





Fica aqui uma homenagem àqueles "que da morte se libertam honrando e dignificando Tavarede" (Azulejos da Fonte de Tavarede) !




Nota: Quero agradecer ao Maestro Silva Cascão pela sua colaboração na publicação deste 'post'.





Azulejos de Homenagem aos Tavaredenses Ilustres, na Fonte de Tavarede





17 comentários:

Rogério Neves disse...

Olá Inês
Informa-me do seguinte: A Canção intitulada "Os Corsários" está na You Tube? Em caso afirmativo diz-me qual é o código
RN

Silva Cascão disse...

Acabo de ler o teu último "post" e quero felicitar-te pela ideia, que acho ser justíssima. Como pedes, aqui vão as correcções que eu consigo fazer, baseado no que me foi transmitido pelo sr. Vítor Medina, a quem devemos a actual organização do arquivo (sem esquecer a prestimosa ajuda do sr. Manuel Lontro).
1 - Não há diferença na composição dos 2 números da opereta de 1924 "Noite de S. João" -- a "Canção do Moínho" e o "Coro dos Camponeses". São ambos dos srs. João Carvalho Nunes e António Costa Ferreira. O outro nome que aparece deve ter sido uma "gralha".
2 - "As Uvas" , à semelhança do que aconteceu com a "Cantiga do Lavadouro", é uma letra nova ,escrita pelo Mestre José Ribeiro para a fantasia "Cântico da Aldeia" em 1977, com a música do sr. António Simões originalmente
"A Fonte e as Bilhas" na opereta "Pátria Livre" de 1926.
3 - Os versos da opereta "A Cigarra e a Formiga", aonde fomos buscar a "Romaria ao Banho Santo",
são da autoria desse grande Artista e apaixonado por Tavarede que se chamou Alberto Lacerda. Só o texto declamado foi escrito pelo Mestre José Ribeiro.
4 - Também escrita pelo sr. Alberto Lacerda foi a opereta "Ana Maria", com música de Joel de Mascarenhas, levada à cena em 1955.
Desta peça não se conseguiu até agora encontrar a partitura, pelo que para que a canção "O Teatro" pudesse ser cantada foi necessário recorrer às reminiscências das amadoras mais antigas e a alguma "invenção" da minha parte...
5 - Quanto ao "Brinde aos Anfitriões" com que o Coral costuma terminar o seu programa, trata-se da parte final de um quadro chamado "O Serão das Alfândegas", que o Mestre José Ribeiro escreveu para A peça "Ecos da Terra do Limonete", com música minha e levada à cena em 1981.
6 - Como tive oportunidade de referir nos meus comentários durante a nossa actuação no espectáculo do 105º Aniversário, se
são justas as homenagens aos nomes dos Autores das cantigas, não é de todo justo não referir o nome do Homem que ao longo de tantas décadas teve a paciência e o saber de as ensinar às amadoras e amadores que as cantaram em palco, fazendo com que essas cantigas sejam hoje um Património Cultural de Tavarede. Refiro-me ao saudoso amigo sr. JOSÉ MEDINA, pai da nossa mais idosa coralista - a Otília, a quem desejo que se restabeleça de molde a poder voltar a cantar com todos os Amigos que formam o "Cantigas de Tavarede". Aqui lhe deixo um grande beijinho.
Nota final - Desculpa o comentário ser tão longo, mas não consegui fazer por menos...

Inês Fonseca disse...

Caro amigo Rogério,
o link d' "Os Corsários" no youtube é:
http://www.youtube.com/watch?v=O26w6A47X_Q

Anónimo disse...

ola Inês, espero que este amor pela Terra do Limonete continue por muitos anos, é que às vezes...
Parabéns e continua.
Bom trabalho para o coral.

Rogério Neves disse...

Inês
Os meus agradecimentos pela tua disponibilidade em ceder-me o Código do "Cantico dos Corsários" que já guardei religiosamente. Não sei se sabes mas durante 20 anos fui amador da SIT e tenho um carinho muito grande por este Cântigo já que foi das primeiras personagens que representei "Comandante dos Piratas" na peça Terra do Limonete.

Inês Fonseca disse...

Obrigado pelo seu elogio!
Quanto ao meu amor pela Terra do Limonete, é de tamanha dimensão que ficará para sempre!
Se tudo correr bem, o "Cázinho de Limonete" continuará a informar-vos por mais algum tempo...

Inês Fonseca disse...

Amigo Rogério,
não tem nada que agradecer, uma vez que a mim me dá gosto ceder estes links, uma vez que é sinal que as pessoas estão interessadas no nosso trabalho, no seu caso por motivos sentimentais que desconhecia, apesar de já ter ouvido falar de si na SIT.
Sempre que precisar é só pedir!

Rute disse...

Tens toda a razão, o Limonete é que é o ex libris de Tavarede.
O Paço?...
já lá vai o tempo, em que o Paço podia ter sido o nosso ex libris, agora...
O que lá vai, lá vai...

Pedro Silva disse...

Continua a ir à fonte que consideras boa e segura, pois estás no bom caminho.
muito gostava eu de saber a quem se referem estes comentadores anónimos, quando falam em "supostos professores..."
os cães ladrão e a caravana passa.

Anónimo disse...

Felizmente há professores e "professores", assim como doutores e "doutores" presidentes e "presidentes". Eu cá sou de Tavarede (não desde nascença, mas tevaredense) e sou professor (não sei se deveria colocar entre aspas). Agora uma coisa é certa, quando se critíca alguém, devemos dar a cara (neste caso o nome), ou somos simplesmente COVARDES. Assim, ao se declarar anónimos, as vozes não se ouvem... Lá dizia o ditado "Vozes de burro não chegam ao céu". Tenhamos um pouco de nível (civilização) quando atacamos, criticamos alguém.

E já agora, BOA SORTE Inês... Sabes que sempre te incentivei para continuar o blog! Agora é para ser mais regular, ok?
Uma beijoca grande!

"Habemus marcha!"

Ass: João Ricardo Bastos

Paula disse...

Olá Inês. É a 1ª vez que visito o teu blog, e fi-lo apenas por curiosidade, já que várias vezes te ouvi falar dele e ainda não tinha tido oportunidade de passar por cá.
Quero felicitar-te por este teu projecto e dar-te força para poderes continuar.
Vejo que andas a ser "perseguida" por alguém, que possivelmente nada tem que fazer, e que te anda aborrecer com piadas e "bocas" foleiras de mau gosto.
Por coincidência ( e vais concerteza perceber porquê) sei perfeitamente a quem se referem, quando falam em "...supostos professores, blá, blá, blá...", e posso garantir-te que, quando tinha a tua idade, fui muitas vezes com essa pessoa a Lisboa, sempre tratar de assuntos de Teatro, e muito do que sei hoje, e sei qualquer coisa de Teatro, aprendi com ela e com pessoas entendidas nessa área, que a tratavam por "tu".
Várias vezes fomos ao Guarda Roupa Anahory, e para além de me ter apresentado esse Homem fantástico, com quem adorei privar, conheci lá o Senhor La Féria, o Senhor Herman José, entre muitos outros que também frequentavam essa ilustre casa.
Inês, segue o teu caminho, vai em frente, e se gostas de privar com essa pessoa continua, que eu também gosto de o fazer.

Um beijinho da Paula (percebeste agora a coincidência a que me referia?)

Inês Fonseca disse...

Sim Paula, claro que percebi... encontrámo-nos na sexta-feira na casa que tanto gosto de frequentar! Ao contrário do que este senhor pensa, eu tenho cabeça para pensar e capacidade para tomar as minhas próprias decisões e não vou atrás do que a pessoa em causa me diz (não revelo o nome por questões de protecção de identidade da pessoa), apesar de muito gostar dela e de muito com ela aprender. Nunca ninguém me obrigou a ir a casa dela, a falar com ela, mas sim, como ela diz, obrigaram-me a frequentar as aulas dela durante três anos, mas cria-mos amizade por vontade das duas e tenho muito ORGULHO em ter uma amiga assim, já que sei o quão difícil é conquistar a sua confiança! Suponho que esta pessoa nunca o tenha conseguido, daí ter inveja. Posso até falar nela como uma melhor amiga, apesar da diferença de idades! E, como ambas a conhecemos, podes pressupor que passamos momentos divertidos à conta deste anónimo, que sabemos perfeitamente quem é! Se a intenção dele é abalar tanto a mim como à pessoa em causa, ainda terá de comer muita sopa para o conseguir.
Obrigada pela tua visita!
Beijinho,
Inês

Anónimo disse...

já era tempo de mudar de assunto.
ó Inês, actualiza lá o blog com um novo post, para ver se termina essa "xaxada", de saber onde vais, quando vais, e porque vais...
Muda lá de assunto, e verás que acaba a conversa.
continua.
Tita

Anónimo disse...

Felizmente ainda sei o que escrevo.

«Tanto pode dizer covarde como cobarde. Qualquer dicionário regista ambas as formas. É o caso da 7ª. Edição do Dicionário da Porto Editora, pgs. 420 e 494, ou o Dicionário Aurélio, pgs. 421 e 492. Adj. E s. 2 gén. Que ou a pessoa que não tem coragem; poltrão; medroso; traiçoeiro; acanhado; tímido; fraco de ânimo; pusilânime. Covarde: do fr. ant. "coart", hoje "couard", que tem a cauda abaixada.»

E quis mesmo escrever com V (apesar de estar ao lado do B).

Prof João Ricardo Bastos

Anónimo disse...

E já que estamos a ser picuinhas, também o posso ser:

"beneficio da dúvida" é com um acento no 1º "i", ou seja Benefício, pois assim trata-se da 1ª pessoa do singular do verbo beneficiar.

Prof. João Ricardo Bastos

Prof. João Ricardo Bastos disse...

Realmente isto anda a chegar a um nível esquisito. E como diz a minha amiga Inês, eu estava mesmo a defendê-la, se bem que ela não necessite da minha ajuda para isso.
Já nem se percebe bem porque razão começou tal discussão, quando o post pretendia fazer uma justa homenagem. O nível de civismo é tanto, que a minha querida Inês viu-se na obrigação, e bem, de rejeitar comentários que roçavam o insulto barato. Não percam mais tempo com isso. Eu sinceramente nem sei quem são os ditos "anónimos", e se calhar prefiro não saber. Ou provavelmente nem os conheço. Mas o que importa aqui realçar é o amor da Inês por essa terra que é TAVAREDE. Tomara que todos os tavaredenses demonstrassem tanto carinho pela NOSSA terra como ela.
Querem insultar alguém, façam-no na cara das pessoas e não se escondam nos "anónimos". Tenham coragem de assumir o que dizem.


PS: A todos os amantes desta terra, este ano as Marchas são nossas outra vez!

ASS. Prof João Ricardo Bastos

Silva Cascão disse...

Querida Inês :
Tenho algo a acrescentar ao meu comentário de 24 de Março , no que diz respeito ás homenagens devidas aos que nos permitiram agora cantar as Cantigas que o Coral apresenta.
É que, se é verdade que o sr. José Medina (PAI da D. Otília e não AVÔ )ensinava aos amadores as melodias das peças, não o fazia sem a prestimosa colaboração do meu saudoso amigo sr. Joaquim de Oliveira -- mais conhecido por Quim " 'Stá Mau " --, pai do teu grande amigo Zé Manuel, e que com o seu violino ajudava nos ensaios.
Foi ele, além disso, quem continuou essa missão, depois da partida do sr. José Medina.
Tem, pois, direito à mesma homenagem que já foi feita aos outros, e às minhas desculpas pelo esquecimento na altura.