terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Ainda aqui no blog não tinha referido a tão falada Gripe A. Não, não venho para aqui dar conselhos, alertar nem nada que se pareça; venho deixar-vos um apontamento sobre um dos meios de contaminação,o beijo.
Na opereta Em Busca da Lúcia-Lima, de 1925, João Gaspar de Lemos Amorim, com uma cantiga, dedica-lhe uma das cenas.











«Um beijo dar, na China toda,
É uma excepção.
Só noivo à noiva, ao fim da boda,
Lhe beija a mão.

Um beijo assim não tem agrado,
Não tem sabor
Como o que furta o namorado
Ébrio d’amor.

Então o beijo
Em Portugal,
Pelo que vejo
Deve ter sal...
Corar o rosto
Que o recebeu
Ter tanto gosto
Que eleve ao céu!

Beijo d’encanto
que d’alma vem,
É beijo santo,
beijo de mãe
Um dá loucura,
Outro arrebata...
Se muito dura
Quasi que mata.

Quando em terno devaneio
 E bem junto de quem se ama,
Qual o modo, qual o meio,
 D’acender ardente chama?

Se ela não é macambúzia,
Ele todo aberto em sorrisos
De beijos furta uma dúzia
Ou quantos forem precisos.

Um beijo em carinha cheia   
Vagaroso e bem cantado,
Sabe a quem o saboreia
A leite creme queimado...
Há beijos muito apressados
E beijos que não têm fim,
Mas os mais saboreados
Cá p’ra mim
São assim!
Assim!»       
 

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