Na opereta Em Busca da Lúcia-Lima, de 1925, João Gaspar de Lemos Amorim, com uma cantiga, dedica-lhe uma das cenas.
«Um beijo dar, na China toda,
É uma excepção.
Só noivo à noiva, ao fim da boda,
Lhe beija a mão.
Um beijo assim não tem agrado,
Não tem sabor
Como o que furta o namorado
Ébrio d’amor.
Então o beijo
Em Portugal,
Pelo que vejo
Deve ter sal...
Corar o rosto
Que o recebeu
Ter tanto gosto
Que eleve ao céu!
Beijo d’encanto
que d’alma vem,
É beijo santo,
beijo de mãe
Um dá loucura,
Outro arrebata...
Se muito dura
Quasi que mata.
Quando em terno devaneio
E bem junto de quem se ama,
Qual o modo, qual o meio,
D’acender ardente chama?
Se ela não é macambúzia,
Ele todo aberto em sorrisos
De beijos furta uma dúzia
Ou quantos forem precisos.
Um beijo em carinha cheia
Vagaroso e bem cantado,
Sabe a quem o saboreia
A leite creme queimado...
Há beijos muito apressados
E beijos que não têm fim,
Mas os mais saboreados
Cá p’ra mim
São assim!
Assim!»
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